sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Línguagem coloquial ou padão?

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(Osvald de Andrad)

Por causa das diferentes camadas sociais subsistentes e regiões diversas que compõem nosso país, a sociedade brasileira tornou-se heterogênea, seja no aspecto cultural ou econômico. Este fato evidencia a existência de diferentes graus de letramento, o qual funciona como um dos fatores da variação lingüística.
Em primeiro lugar, quando falamos em variação lingüística, logo lembramos da Linguagem Coloquial e da Linguagem formal, do preconceito lingüístico, de como tratar desse assunto na escola, etc., já que são assuntos que vêm sendo pauta para discussões de poetas e lingüistas já há algum tempo.
Em nossa literatura encontramos escritores, conceituadíssimos que usam a variação e criticam a exigência da Gramática Normativa. Osvaldo de Andrade é um deles. Em seu poema “Pronominais”, Osvaldo busca a espontaneidade da linguagem, um vocabulário simplificado, bem como a crítica ao formalismo da linguagem empregada por alguns brasileiros, como os gramáticos, o mulato que estudou, professores e alunos. Para isso, utiliza a regra em que proíbe começar uma oração com pronome oblíquo. Então o aluno pergunta:
_ Se Osvald de Andrad defende o linguajar coloquial ou, se Machado de Assis pode dizer “No meio do caminho tinha uma pedra” (no lugar de havia), por que eu devo me esforçar para falar a língua padrão?
Esta é uma situação comum, mas que requer atenção, pois a escola está inserida no meio social e deve estar preparada para conviver, tanto com a variedade lingüística, como com a conscientização dos alunos para a necessidade de se saber usar a língua padrão.
Quando o aluno ingressa na escola, além de sua formação para cidadão, ele deve encontrar uma formação científica que o capacite para enfrentar a competitividade do mundo moderno, de forma que saiba passar por situações diversas (e nessas situações, a profissional).
Vale lembrar que nós produzimos o que geralmente aprendemos ou estamos habituados a fazer. Então, se o aluno fala “Eles estava lá” (ou qualquer outra oração que não concorde com a GN) e não tem o hábito da leitura, é possível que não se lembre de escrever “Eles estavam lá”, na hora de um vestibular ou concurso.
Claro que ensinar gramática ou regras descontextualizadas não faz com que o aluno consiga usá-las em seu dia-a-dia. Uma ótima forma de se familiarizar com a língua formal é promover práticas de oralidade e escrita. Além disso, não podemos esquecer que é papel da escola é levar o aluno à intensa prática da leitura e da escrita, a fim de que enriqueçam seu repertório de recursos lingüísticos e capacidade crítico-consciente do mundo.

3 comentários: